Senhora
O Ventre como Berço de Dualidades. Poema de TEA Menina, mas escrito aos 17 anos. Desvenda o ser filha da dor, da rigidez cognitiva e dos códigos de conduta brutais de uma autista de outrora.
Xilogravura da série Escapatória, 2011. Obra da autora.
Teu ventre me acolheu e me nutriu de emoções e forças eantagônicas E no teu ventre se formou o estranho elo que me ensinou a amar Amar sem ser amada Amar e perder Amor como anestésico e tomar do remédio errado Este mesmo elo me ensinou a cair (andar eu aprenderia de qualquer jeito) Cair sob o peso da decepção Cair sob o peso das palavras Cair sob o peso do teu olhar Cair na incerteza dos passos Cair para sempre me levantar sozinha Por meio deste elo também aprendi sobre justiça sem código de honra por isso cega E então aprendi a lutar porque morrer na batalha dignifica e nossos demônios precisam de propósito e nosso anjo precisa de trabalho E só lutando se aprende sobre volume e espessura A espessura da lâmina que nos fere e o volume correspondente a cada mágoa que carregamos E veja, aprendi até sobre filosofia pois Deus faz poesia por linhas tortas com invejável perfeição Talvez para meu aprendizado deste-me a dor e semeaste em meu espírito sabedoria ateando fogo na tocha do conhecimento para em minha alma criar o dom divino do perdão e a maldição humana da saudade.



