Onde está esse grito?
Poema dos primórdios. De novo a voz ausente. Ou, sempre voz ausente? Posso datá-lo entre 2005 e 2007, aproximadamente.
Em qual deserto de palavras?
Em qual oceano de pranto?
Estará, difuso em espasmos,
Embalando um sonho morto?
Ou embargado pelo suspiro
Aliviado da última esperança
Fero, ata-me a garganta?
Onde está esse grito,
Liberdade e aflição,
Que eu evito?
O débil impulso
Que ruma à garganta
Mas desvia o curso
Minuto após minuto
Onde está esse grito,
Liberdade e aflição,
Que eu evito?
Em qual abismo-
O de árido silêncio
Ou de enfático cinismo-
Abafo meu grito?
Sempre este rito
De hábil dissimulação
E prático comodismo
Ata meu grito.
Impróprio e proscrito
Dissipa-se na garganta
Propaga-se no infinito!


