Oryanna Borges

Oryanna Borges

Perséfone em Hades

Ofélia: Mergulho Lírico na Dor Inefável

Este poema abre o terceiro capitulo de Perséfone EM Hades, Cócito. "Sindrome de Ofélia", "Complexo de Ofélia"... A Neurociência e Bachelard já tentaram abarcar a pulsão de acabar, sem esgotá-la.

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Oryanna Borges
jun 04, 2025
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O manto, ira que espuma,
adensa o rio, e não permite
a imersão, só flutuar.
Súbito o frio arrebenta
cada fibra a me esquentar.

Ofélia! Ofélia em transe
inflada de desencanto.
As vestes, pétalas diáfanas,
beatificam a flor descorada
Ambas perdemos perfumes
na untuosidade subliminar.

O frio, áspera gaze, atrela
a matéria ao improvável
e invocamos as regalias
anódinas do acalanto.

Oh, desamparo inefável
que faz tudo naufragar !

As vestes, nácar, pranto,
queratina, ancoram sua voz
no limo. E a minha goteja
na fundura menina onde ela
vai se afogar.

Flutuo guarnecida
coração humílimo
a me espancar.

Perlífera refusão, gema
de encastrar no íntimo,
adere à minha diadema
a cada imersão de Ofélia.
À tona no verso pífio,
eu - negra camélia-
cuspo na margem
tinjo, na fímbria do ser,
um epitáfio.
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