O Corpo Inútil
Anatomia de um desgaste em mais um poema -suponho- nunca publicado. Talvez impublicável. O localizo em 2008, mas é uma data imprecisa.
Quero dizer coisas mórbidas!
Meu corpo está no chão.
Eu o trouxe abatido,
arrastando no asfalto
exposto aos olhos curiosos
e impassíveis dos passantes
E eu também passava
em vagarosa indiferença,
consciente da conveniência
que lhes traria o esquecimento.
Quando cheguei em casa
me pareceu não ter utilidade.
Então, em meus experimentos,
deixei para ser pisado
como de costume.
No chão, para ser surrado
pelos meus passos ásperos.



