Maria
Ave Maria cheia de graça, bendito é o fruto do vosso ventre...se for homem! Poema citado em TEA Menina.
Ponta Seca sem nome. Gravura da autora. 2012
Ante teus olhos minha alma impura, mas transparente E a atravessaste como se fosses o fio de uma espada E olhaste como se ali não houvesse nada Nem sequer qualquer desvairada, mendiga, indigente Me feriste outra vez Maria, e nem te amaldiçoo Mas por teres me abandonado novamente Por teres tua alma afastado de mim de repente Por isso, Maria, também não te perdoo E por não teres me confortado quando em teus braços Por não teres me acariciado se ao alcance dos dedos Por não teres me ofertado um de teus sorrisos escassos Por não teres ofertado teus ouvidos a meus segredos Por não teres dado refúgio à inocência da pouca idade Por não teres te perturbado com a silenciosa conduta Por não teres percebido a minha miséria absoluta Enfim, por teres confundido tristeza com ruindade Ah, por não teres me doado um pensamento neutro Nem, por um instante, dedicado um resquício de doçura Minha alma tem num calabouço aprisionada a ternura E também o teu perdão dorme lá dentro.



