Manifesto
Poema dos últimos cinco anos. Uma reflexão sobre a arte...mas uma reflexão sobre a vida.
Chega de arte ingênua
Nenhuma estampa ou tessitura
veste o desamparo
As paredes gritam umidades
e pruridos insalubres
Temos febre! Temos febre!
Adornos e revestimentos
não passam de ataduras
em um abrigo que descasca
suas tintas mais secretas
e transfigura-se
em rasgos lúgubres
E há o grito! E há o silêncio!
Então basta de arte tola
penduricalho, tapume
sobre a depressão
Aparência
a possibilitar a cotidiana
valentia de mentir beleza
enquanto a parede é obscena
e triste como as putas velhas.
Cabe pendurar a vida
nesses suportes do desperdício
e deixa-la agonizar à vista
sem projeções ou delírios
de esperança
Sim, é na frente dela
que a loucura faz comício!
Nela há sempre um espaço
para mais um prego
ou alguma ideia em parafuso
forja de gancho mútuo
para o mártir e o estratego
habitués
Cabe expor a opulência
das atrocidades íntimas.



