Logofilia
Poema escrito em 2015. Desses ditos cuspidos. foi um momento catártico de reencontro com a escrita. Como agora.
LOGOFILIA
Ternura iluminada
num assomo de clareza
em deleite eu te dispo
levitando na nervura
de um desejo irrefreável
e – contrassenso – submisso
ou
Candura macetada
numa fisgada de vileza
entredentes eu te cuspo
fervendo na loucura
desse beijo lamentável
maculado de feitiço
E és sempre inteira
Mesmo se te despedaço
se perturbo teus sentidos
se te torno mastigável
mensurável, previsível,
se te guio em descompasso
para abafar os meus ruídos
É por isso que te adoro
E também quando resistes
aos audazes galanteios
e não vens se eu mereço
Vens tampouco se padeço,
se desperdiço meus recursos
para um fim entre teus seios
Não importa
Só vale o teu querer
Tua franca selvageria
de vir branca para o verso
do meu interior tinto
parcialmente avinagrado
transmutar-se em poesia


