Liberdade
Busca Interior, Pensamentos e a Prisão da Realidade. Mais um do caderno da adolescência.
Vivo correndo atrás dos meus pensamentos, Pois parecem mais vivos e autênticos do que eu; Parecem mais ligados à energia dos elementos Do que o corpo a reter um espírito que nem é meu. Eles são mais impetuosos do que a vontade, Tão mais instigantes e perfeitos do que eu; Sempre famintos, ávidos por pureza e verdade, Independentes, superiores à vida que os submeteu. Os sigo tentando incorporar o fulgor da liberdade À vida repleta de desejos e pouquíssima saciedade Que, por temor e orgulho, tolero em revoltoso sigilo.
Escrito em algum momento entre os 14 e os 20 anos, esse poema claramente é um soneto inacabado. Ou, pelo menos, o que eu entendia por um soneto quanto à forma, sem atentar para a métrica. A foto da postagem foi a primeira que me chamou a atenção. Encontro-me sob efeitos colaterais de remédios que deveriam me tornar mais produtiva, mas que, dos três dias de ingestão, me roubaram dois. Mal me mantenho de pé ou com a visão em foco permanente nesta tela. Meu corpo resiste a medicamentos como eu resisto a ele no poema. Tenho alergia a sulfa, opióides e psicotrópicos causam efeito similar aos opióides. A diferença é que com eles me acostumo com o tempo. Confesso que ontem foi um dia altamente produtivo, conduzido com naturalidade e em sintonia com meus pensamentos e propósitos. É bom não precisar correr atrás dos pensamentos e, por isso, talvez valha o sacrifício. Talvez, há quase duas décadas, quando desisti da medicina moderna e resolvi me adaptar ao mundo a qualquer custo, definindo minhas inadequações de forma pejorativa, eu só estivesse sem propósito e não conseguisse conviver com o silêncio interior. Com propósito, o silêncio é uma bênção e ter energia para fazer o que planejo é uma alegria.



