Intenção
Poema de 1998. O segundo a ser mencionado em TEA menina. O primeiro é Eros e Tânatos, postado anteriormente.
Aquarela da autora, 2021.
Quero um poema do cor do sangue jorrando do meu corpo, quente e denso. Que se exalte, que odeie, que se zangue e paire no ar, constrangedor e intenso. Quero um poema afiado e pontiagudo que assuste e , sobretudo, machuque. O quero incomum, seco, ríspido, sisudo para que incomode e arrogante fique. Nascido em extrema dor, para que doa. Oposto ao conceito de justiça simplório que meu coração insistentemente entoa. De fato é preciso que seja contraditório para que essa fúria não mais enfureça, não mais inspire, não mais arrebate, não mais contamine, não mais aqueça o sangue que clama o justo combate.



