Iluminuras
Explore a evolução de "Iluminuras", meu poema revisado da adolescência para Abyssalia. Uma jornada íntima de palavras e alma.
Foto: Oryanna Borges aos 17 anos
Eu procuro palavras cheias de esplendor que pareçam simples, mas grandiosas E que retratem com medidas cuidadosas Minha ambição e minha miséria interior E que transmitam meu amor imperfeito à arte e à beleza interminável da vida E seja minha sensibilidade então sentida em cada coração, como se no meu peito E digam que vejo tão longe e profundo e sinto tanto e tudo tão perto, e voraz desejo tudo o que vejo e tudo temo demais Querendo tanto acerta eu me confundo Assim, ouso tentar adestrar o intelecto para esculpir uma imagem triunfante sobre esta alma ingênua e petulante encobrindo a fragilidade que detecto E enquanto insuflo verbos de energia entorpece-me o gosto dúbio da verdade E desfaleço, por vezes, sem vontade pela minha própria alma escorregadia
A iluminura que, há mais de 20 anos, ornamentava o 'livro' registrado como Retrato das Sombras, agora renasce como parte de Abyssalia, meu lançamento em breve. Para esta inclusão na obra, fiz apenas algumas e pontuais alterações. Uma delas foi a mudança do título, que, como vocês podem ver na versão original abaixo, era 'Iluminação'. Essas modificações, mesmo que mínimas, refletem a lapidação de uma voz que amadurece, mantendo a essência juvenil. É um privilégio compartilhar com vocês este processo de transformação e a jornada de um poema que evolui junto comigo.
Iluminação
Eu procuro palavras cheias de esplendor
que pareçam simples, mas grandiosas
E que retratem com medidas cuidadosas
Minha ambição e minha miséria interior
E que transmitam meu amor imperfeito
à arte e à beleza inesgotável da vida
E seja minha sensibilidade então sentida
em cada coração, como se no meu peito
E digam que vejo tão longe e profundo
e sinto tanto e tudo tão perto, e voraz
desejo tudo o que vejo e tudo temo demais
Querendo tanto acerta eu me confundo
Assim, ouso tentar adestrar o intelecto
para esculpir uma imagem triunfante
sobre esta alma ingênua e petulante
encobrindo a fragilidade que detecto
E enquanto insuflo verbos de energia
Entorpece-me o gosto dúbio da verdade
E desfaleço, por vezes, sem vontade
pela minha própria alma escorregadia


