"Franqueza": O Despertar de uma Voz em Tempos de Transformação
Da autonomia aos 20 anos até a fúria digital do TCC. Jornadas para encontrar a própria voz e controlar própria imagem (já que o software aparentemente é livre e está fora de controle) !!

Franqueza
Não despreze minha forçada benevolência
É por respeito que lhe estendo a mão.
E, claro, ainda me resta a compaixão
Faço isso porque creio que a paciência
Trará mais paz e conforto ao meu espírito
E mais uma verdade se instalará no coração
Mas posso descrever com extrema precisão
E doses exageradas de angústia, o conflito
Que causa em meu ser a sua veemente recusa
Sua negativa deixa rastro de fogo ardente
Que me consome num furor farto e indecente
Eu, que me impus limites, não fico confusa
Mas para você ultrapassar esses limites
É um objetivo tão triste quanto perigoso
E eu sinto tanto prazer quanto me é doloroso
Então, peço que, tanto quanto eu, evite
Evite brincar em minhas batalhas.
Meu semblante é uma bandeira branca
Mas minha ira também é franca
A dor não mais na garganta entalaFranqueza: O Despertar de uma Voz em Tempos de Transformação
É intrigante como certas coisas nos encontram no momento certo. No meu velho volume impresso de “Retrato das Sombras”, a primeira página que abri revelou o poema “Franqueza”. E pensei: perfeito!
O Encontro com o Passado: Um Poema e as Marcas de Max
Este é um poema que meu amigo Max leu e escreveu acima do título “Iriene, (meu antigo nome) teus poemas são tão suaves.” E aí, no último verso, ele circulou a palavra “entala” e indicou com uma flechinha um grande “ahh”. Essa exclamação me fez lembrar sutilmente de algum diálogo que tínhamos tido. Ele era professor de português, e de alguma forma a palavra “entala” tinha sido o motivo de algum embate entre nós. Mas enfim, o poema tinha sido escrito antes que ele o lesse.
A Origem da “Franqueza”: Liberdade, Autonomia e os Vinte Anos
E, curiosamente, eu lembro de quando escrevi esse poema. Lembro justamente o quanto era importante para mim deixar claro que eu tinha, de algum modo, não “recuperado” — eu não tinha esse sentimento de recuperação da minha voz — mas sim que e eu tinha desenvolvido uma voz e que eu me expressaria. A dor não mais ficaria entalada na minha garganta porque eu diria o que precisasse ser dito. Lembro desse sentimento. Então, acredito que esse seja um poema escrito bem perto dos meus 20 anos, quando decidi ir atrás dos estudos e de uma vida autônoma, e não de uma vida à sombra de um homem que não queria que eu progredisse em nenhum sentido, mas que eu me submetesse. Apesar de muito jovem, acho que eu fiz uma escolha bastante acertada.

Cabelos, Cores e Ciclos: Ressignificando Escolhas Antigas
E é curioso também que esse poema seja primeiro poema da semana, porque eu passei a manhã de sábado decidida a cortar o meu cabelo e não fiz. Isso porque eu decidi adquirir uma ferramenta que não tenho para isso, e ela não chegou. Então, provavelmente, quando esse poema estiver sendo postado, eu estarei me preparando para ter os cabelos curtos. Por volta dos 20 anos, quando eu decidi tomar as rédeas da minha vida, foi um momento em que eu tive o cabelo curto. Foi a única vez que eu pintei os cabelos. De vermelho. Esses são dois desejos que eu tenho tido já faz algum tempo: cobrir os meus cabelos brancos com henna ou, então, com uma mistureba que aprendi pela internet que dá um tom claro, um tom mais dourado e não necessariamente avermelhado para o cabelo.
Fúria Digital e a Franqueza da Realidade: O TCC e o Software Livre
E é particularmente interessante que esse poema surja agora, pois ele tem uma outra conexão que talvez tenha sido a motivação mais imediata para postá-lo: o fato de que estou furiosa com o software livre que me prendeu o dia inteiro tentando formatar um documento do meu TCC (trabalho de cnclusão de curso). Por fim, as coisas não funcionam como deveriam, ele apresenta muitos erros e falhas que corrigi a tarde inteira, pedindo ajuda à IA para acelerar as pesquisas e consertar, mas não teve jeito. Tive que pagar uma assinatura do Word (ainda somos escravos disso!) para conseguir formatar o documento. Esperava encerrar hoje o meu TCC, mas trabalharei duas vezes para isso.
Um Convite à Reflexão: “Franqueza” como Lavagem da Alma
Hoje por isso hoje, eu deixo com vocês, leitores, o poema “Franqueza”. Uma pérola que, de certo modo, lava minha alma depois de um dia tão frustrante. Quando vocêes estiverem lendo espero ter refeito todo o trabalho perdido do TCC.


