Divisa
Mergulhe em um poema visceral de "Perséfone em Hades" que explora a tensão entre luz e sombra, dor e cura. Uma reflexão profunda sobre a natureza da arte, do desejo e da busca por significado.
Facho no olho da tormenta A musa folga as amarras, apascenta visagens, vislumbres imponderáveis, miragens no árido discernimento. Enquanto finca as garras luminescentes seu semblante pálido verte o unguento. O corpo varado de sonhos é carne viva e o canto é lenimento. Faca no ponto de ebulição o canto corta as amarras vulnera os sentidos, despoja a visão de atavios. E entre elegias e algazarras injeta o veneno e o bálsamo escoa lamento. O corpo em desvario é carne viva e a poesia estancamento. Laivo no advento da clareza, teu olhar desafia as amarras, avulta o escopo do sentimento e um assalto de fé dissimula as gambiarras de um destino cruento. O corpo varado de dúvida é carne viva e o medo é fomento. Deslumbre no assomo da razão, traio as promessas bordadas no avesso da ilusão. A cantiga solar para amadurecer o trigo, carregar o pólen e servir de abrigo ao pastoreio tem ainda um lugar no meu seio. Tem ainda e não é pouco. Uma vastidão me esparrama esperança, liana, rizoma. O…




