Desenhar
Ciclos da Criação. Expansão, vazamento e corrosão no desenho... e na poesia.
Processo de criação de Scarlet com as compras do dia em primeiro plano. Afinal a artista tem que comer ( e o café ainda era acessível).
Desenhar O futuro na quina do muro, na fresta da porta, no vão dos sarrafos. Desenhar o pouso da máquina, e o fio que importa os saberes ágrafos dos ancestrais. Desenhar linha, chapisco, empaste de cerda e digital. Com a unha, com o cuspe, o desgaste e o canal lacrimal. Desenhar em músculo, em vidro, em porte e caimento e na sutura dos versos bem urdidos. Desenhar a expansão do quadro, o vazamento, a ruptura e os suportes corroídos. Desenhar o cisco, o caco, a tréplica que escarnece e a cicatriz da reforma. Desenhar a transmutação do risco em estética e do aleatório em forma. Sem esforço, lesão, neuroses ou encardidos. Sem lanhar o dorso ou a razão. Sem os ferozes e aturdidos nervos em flor.



